A margarina é uma opção de gordura bastante popular entre os brasileiros. Ela é onipresente nas casas, e devido à sua acessibilidade, quando comparada à manteiga, tem sido tradicionalmente preferida. Em 2016, a margarina foi responsável por 85% de todas as vendas de volume de gordura amarela no Brasil. No entanto, poucos brasileiros têm uma imagem positiva da margarina e muitos estão migrando para a manteiga.

A turbulência econômica dos últimos anos paralisou o crescimento do mercado de manteiga, cujo volume de vendas permaneceu inalterado em 2016. Mas o segmento tem perspectivas positivas já que a economia brasileira mostra sinais de revitalização, registrando 1% de crescimento em 2017, sua primeira expansão desde 2014.

MELHOR NOS OLHOS DO CONSUMIDOR

Mudar as percepções em torno do impacto da manteiga na saúde das pessoas tem sido um fator importante por trás do seu crescimento no Brasil. Como é o caso em muitos mercados globais, os consumidores brasileiros estão cada vez mais reavaliando o consenso anterior de que gordura é algo para ser evitado. Pelo contrário, estudos recentes destacam os benefícios para a saúde do consumo de gorduras não processadas de fontes naturais, como a manteiga. Essas gorduras boas são cada vez mais apontadas como componentes importantes de uma dieta saudável. Mais de um terço dos brasileiros concordam que a manteiga é mais saudável do que a margarina, e como a gordura continua a perder seu estigma, as marcas de manteiga podem promover seu conteúdo como positivo.

POPULARIDADE DO LEITE INTEGRAL DEIXA FORNECIMENTO DOMÉSTICO MAIS FRACO

O crescimento do mercado de manteiga também tem sofrido nos últimos anos pelas condições locais. Além da conjuntura econômica, a escassez doméstica da manteiga tem se apresentado como um problema. Como no Brasil a maior parte do leite é consumido em sua forma integral – 63% dos brasileiros bebem leite integral, em comparação com 23% que consomem leite desnatado -, isso reduz a oferta de gordura láctea para outros usos. Essa situação criou espaço para os fabricantes importarem manteiga, o que elevou o produto para um nível premium. Dois terços dos brasileiros dizem que comprariam mais manteiga se fosse mais barata, destacando oportunidades de investimento para os produtores locais de laticínios.

OPORTUNIDADES

O Brasil pode ter algum caminho a percorrer antes de ter a capacidade de produção de manteiga de outros mercados, mas mudanças positivas estão sendo feitas. Em 2017, 58% mais produtos de manteiga foram lançados no Brasil do que em 2016, de acordo com o Banco Global de Novos Produtos (GNPD) da Mintel. No entanto, os lançamentos mais recentes foram simples, sem sal. Poucos produtos se destacaram por adotar uma abordagem mais ousada em termos de sabor, funcionalidade ou embalagem, representando uma área potencial de crescimento para a categoria, o que deve acontecer à medida que o consumo de manteiga se torne mais sólido no País.

Um possível método para alcançar a diversificação é através da inovação de sabores, que pode não apenas ajudar as marcas a quebrar a imagem de commodity da manteiga, mas também pode posicioná-la como um produto lácteo para cozinhar. Mostrar aos consumidores que a manteiga pode ajudá-los na cozinha chamará a atenção para o produto, pois os consumidores valorizam atalhos convenientes quando cozinham em casa.

O QUE NÓS PENSAMOS

O mercado brasileiro de manteiga oferece oportunidades significativas para os fabricantes, à medida que o País se recupera de uma longa recessão. Mais consumidores devem se tornar propensos a abandonar a margarina conforme o preço se torne menos problemático. No entanto,a manteiga ainda é vista principalmente como uma gordura, o que pode destacar oportunidades para os fabricantes serem mais experimentais em relação ao sabor, ajudando os consumidores a serem mais criativos na cozinha.

Caroline Roux, Especialista Global em Alimentos e Bebidas, fornece insights de consumo e recomendações para empresas de laticínios e monitora inovações globais e tendências de consumo.

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