Em uma das tendências Mintel de consumo para 2016, Ocupe Brasil, observamos como as marcas estão se alinhando com os consumidores por causas justas. Atualmente, em época de crise política, brasileiros saem as ruas para protestar contra e a favor do governo. A luta contra a corrupção e a favor da democracia tem dado o tom dos levantes da população brasileira. E recentemente a tendência Ocupe Brasil ganhou extrema relevância e força com ações de marcas que adaptaram suas mensagens para melhor refletir e apoiar as demandas atuais dos consumidores.

Diante das recentes manifestações, várias marcas decidiram se posicionar e manifestar apoio publicamente. As marcas de fast-food Habib’s e a Ragazzo decidiram, por exemplo, apoiar os protestos do dia 13 de março, distribuindo cartazes e broches verde e amarelo para os manifestantes. Na mesma linha, a grife carioca Reserva fez uma camiseta simpatizante do mesmo evento. Por outro lado, surgiu a loja online Bate Panela, a qual aparenta vender panelas e camisetas com mensagens políticas, mas na verdade visa a doação de dinheiro a causas sociais, aproveitando do sentimento comunitário que surge quando as pessoas se unem.

Além das posições tomadas, fica claro que neste cenário politico, as empresas estão se colocando no lugar dos brasileiros comuns num esforço para melhor se conectarem com os consumidores. Dessa forma, surgem oportunidades para as marcas já que os consumidores exigem um diálogo aberto e elas podem refletir seus interesses.

Em outros países da América Latina também vemos exemplos de marcas agindo de forma social ou política, como o banco colombiano Caja Social que oferece as famílias, habitantes em comunidades carentes, lençóis de cama (os quais vêm com o logo do banco) e pedem a eles que os dependurem em seus terraços como forma de propaganda, em troca de pagamentos via suas contas poupanças.

A transparência deve ser o principal foco das empresas que visam conquistar a confiança dos brasileiros. Se os consumidores irão se tornar parceiros verdadeiros, as marcas devem estar abertas e permitir que as pessoas vejam por dentro da empresa com quem estão se envolvendo. Marcas progressistas irão se alinhar com as buscas dos consumidores por práticas justas, levando a responsabilidade social corporativa a outro nível, empoderando os consumidores e permitido que eles sejam os condutores da mudança positiva dentro da comunidade e mais ativos no processo de criação e decisão de suas empresas.

Em época que os brasileiros se unem para expressar suas desconfianças contra os órgãos do governo e a mídia, cada vez mais empresas irão ajudar os seus clientes a levantarem sua voz e a transmitirem sua mensagem. Assim, nós estamos no caminho de, cada vez mais, ver marcas assumirem papéis não tradicionais.

Analista de Tendências da Mintel para a América Latina, Graciana Méndez tem formação multicultural e abordagem única de insights culturais regionais e de tendências de consumo e sociedade. Tendo vivido na Argetina, México e Brasil, ela tem mais de 10 anos de experiência, trabalhando como trendspotter e produtora de conteúdo em empresas como The Futures Company e JWT Intelligence.

Tendências de Consumo

Pesquisa de consumo tem a ver com pessoas. O que elas veem, o que elas fazem, o que elas compram. O que elas comem, o que elas bebem, o que elas escolhem e aspiram.

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