“Enquanto os fabricantes de sorvetes previamente investiam em versões mais sofisticadas no Sudeste do Brasil, pesquisa da Mintel revela que a demanda está mudando. De fato, o relatório de Sorvetes mostra que os habitantes da região Nordeste estão se tornando os principais consumidores de sorvetes premium: 12% dos entrevistados na área afirmam que compram variedades premium, contra 9% no Centro Oeste, 5% no Sudeste e 5% no Sul. O futuro também parece promissor na região já que 70% dos consumidores dizem estar preparados para pagar mais por sorvetes premium, comparado com 64% no Sudeste, 61% no Sul e 55% no Centro-Oeste.

“As empresas de sorvetes precisam conhecer as diferenças regionais e como o comportamento do consumidor tem mudado rapidamente entre elas. O Nordeste tem crescido economicamente juntamente com as outras regiões do país e já representa um dos principais mercados de produtos de luxo no país. Entretanto, a área ainda é pouco explorada. Enquanto as marcas sofisticadas tendem a investir no Sudeste, principalmente em São Paulo, o Nordeste está crescendo rapidamente, oferecendo oportunidades de mercado para o desenvolvimento de variedades premium”, afirma Naira Sato, analista sênior de Alimentação da Mintel no Brasil.

“As categorias premium têm oportunidades nesse mercado, que ainda consome pouco sorvete, através do trabalho com nomes estabelecidos, como marcas-mães e marcas próprias. Isso pode permitir que elas estimulem consumidores atuais a mudarem para uma variedade melhor dentro das opções disponíveis da marca-mãe, enquanto que também podem atrair novos consumidores para a categoria por causa de sua qualidade. Além da associação com nomes conhecidos para passar segurança, é importante também estimular a experimentação de produtos premium por meio de tamanhos menores, como os mini potes de 100 ml, que são utilizados em grande escala em outros países”, continua Naira Sato.

O relatório Mintel revela que o mercado de sorvetes no Brasil tem registrado crescimento constante de 33% nos últimos cinco anos, alcançando um volume de 398 milhões de litros e valor de R$ 3,5 bi. O incremento em valor de vendas foi de 47% entre 2007 e 2011, notoriamente à frente do crescimento de volume, devido ao aumento dos impostos da categoria.

Apesar de 77% dos consumidores brasileiros dizerem que consomem sorvetes, a frequência de compra no país ainda é baixa. Somente 25% dos entrevistados dizem consumir sorvetes pelo menos uma vez por semana, quase a mesma porcentagem de pessoas que nunca tomam sorvete (23%). Nas classes C2DE, o número é de 34%. Destacando o potencial que há no setor, o consumo médio no país foi estimado em aproximadamente 2kg por ano por pessoa em 2012, comparado a 17kg per capita nos Estados Unidos no mesmo período de tempo e 5,5 kg per capita no Reino Unido. Ao mesmo tempo, verifica-se 12 kg per capita na Nova Zelândia, 10 kg na Noruega e Austrália, e 8kg na Suécia.

“Devido às melhores condições econômicas dos grupos C2DE, espera-se que mais pessoas começararão a consumir produtos considerados supérfluos, como sorvetes. Por isso, há uma grande oportunidade para a indústria disponibilizar produtos que atendam a essa nova demanda do consumidor, por exemplo, oferecendo sabores indulgentes, unidades menores que caibam em seus orçamentos e acessibilidade do produto em termos de canais de distribuição”, continua Naira Sato.

No Brasil, 66% dos consumidores demonstram interesse em sorvetes naturais. Considerando aspectos demográficos, sorvetes naturais têm grande apelo para as pessoas que vivem em São Paulo, onde 81% dos consumidores dizem estar interessados na categoria, contra 50% no Rio de Janeiro, por exemplo, e entre as classes ABC1 (69% ABC1 contra 62% dos grupos C2DE). Entretanto, no Brasil há poucos lançamentos com posicionamento “natural”, “minus”, “plus” e “funcional”. Análise do Banco de Dados de Novos Produtos (Global New Product Database _ GNPD) mostra que entre 2009 e 2012, somente 5% dos sorvetes lançados no Brasil vieram com o posicionamento de “natural”.

“Uma das oportunidades chave no Brasil está nos produtos que se posicionam como saudáveis, considerando que a adição de vitaminas e fibras podem tornar o sorvete mais nutritivo para os consumidores, aumentando o consumo. É necessário colocar sabor e credenciais naturais juntamente, o que pode ser atingido através do posicionamento tanto dos ingredientes como da imagem do produto e embalagens. Inovações que trazem esses benefícios estão bem posicionadas para se destacarem entre os consumidores. Entretanto, para atributos “saudáveis” e “naturais” ganharem mais importância na hora da compra de um sorvete, as marcas devem fornecer informações para os consumidores sobre os benefícios saudáveis dos ingredientes, criando relevância para eles”, explica Naira Sato.

Apesar do baixo consumo de sorvetes entre o grupo de 25 a 34 anos (29% deles contra 36% entre 16 e 24 anos), essa faixa de idade representa uma demanda reprimida que poderia ser melhor aproveitada. A tendência Inspire, da Mintel, Play Ethic (Jogo Ético) destaca que os jovens adultos também são conhecidos por Generation Next (Próxima Geração), argumentando que a maioria dos brasileiros entre 18 e 29 anos ainda vivem com os pais e representam um potencial de consumo.

“Essa geração de jovens que fica até quase os 30 anos na casa dos pais representa um grande potencial para produtos premium e indulgentes. Alimentos para adultos geralmente são trabalhados seriamente, com destaque, por exemplo, para benefícios funcionais como produtos com fibras e para cuidados da saúde do coração. Ao mesmo tempo que sorvetes também podem vir com esses atributos, há também espaço para as marcas trazerem uma abordagem mais lúdica. A pesquisa de tendências Inspire da Mintel detectou oportunidade para as empresas investirem em marcas da infância, e produtos como sorvetes podem ser trabalhados através da ideia de se fazer uma pausa de ser adulto para aproveitar a criança interior. Ao mesmo tempo, eles também podem ser posicionados como uma indugência que pode ser consumida rapidamente e serem usados em campanha de mídia social para se dirigir ao jovem consumidor moderno”, explica Richard Cope, diretor de Insight e Tendências da Mintel.”

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