Os açúcares adicionados estão no alvo de regulamentações em toda a América Latina, criando novas pressões para que os fabricantes reduzam o teor de açúcar em seus produtos. Os produtos de fruta de prateleira (como frutas embaladas) podem servir como um petisco saudável, mas muitos são carregados com açúcares adicionados, principalmente na forma de xaropes.

À luz das crescentes preocupações com a saúde em torno da covid-19, há uma oportunidade de conscientizar os consumidores sobre as vantagens naturais da fruta enlatada – e até mesmo adicionar outros ingredientes, como sementes, para transformar os copos de frutas em um petisco saudável completo.

A fruta embalada tem potencial para ser um lanche aceitável, mas o alto teor de açúcar pode ser um problema

Regulamentações sobre redução de açúcar crescem na América Latina. No México, por exemplo, o estado de Oaxaca aprovou uma proibição em agosto de 2020 que impede a venda, distribuição e promoção de bebidas açucaradas e junk food para crianças. No mesmo mês, o estado de Tabasco votou a favor de banir a venda de bebidas açucaradas e comidas ultraprocessadas para qualquer um abaixo dos 18 anos.

Estas proibições vêm mesmo antes do prazo de outubro imposto pelo México para que as empresas de alimentos e bebidas comecem a exibir etiquetas de ‘pare’ pretas em produtos com altos teores de açúcares adicionados, sódio adicionado, gorduras saturadas e calorias.

Essas regulamentações irão aumentar a pressão sobre alimentos e bebidas com alto teor de açúcar e há uma oportunidade para que alimentos naturais, como copos de frutas, se tornem guloseimas mais aceitáveis do que biscoitos e doces. No entanto, as frutas embaladas atualmente vendidas na América Latina são cheias de açúcares adicionados, principalmente sob a forma de xaropes. Embora eles deixem as frutas saborosas, os xaropes limitam o potencial desses produtos de serem vistos como saudáveis e convenientes.

As frutas embaladas devem ser reformuladas para remover ou reduzir açúcares adicionados, a fim de se destacar como opções mais aceitáveis e saudáveis em comparação com as “junk foods” açucaradas que serão forçadas a incluir a nova sinalização nos rótulos.

Os países da América Latina se movimentam para regular adição de açúcares

Equador
Em 2014, o Equador obrigou a marcação em rótulos de todos os produtos comestíveis e bebidas vendidos no país com uma sinalização do tipo semáforo que destaca o conteúdo de açúcar, sal e gordura.

Peru
Em 2014, o Peru introduziu um sistema gráfico para rotulagem de alimentos e bebidas, usando cores para designar se um produto contém uma porcentagem alta, média ou baixa de açúcar. Se tornou obrigatório em 2019.

Chile
Em 2016, o Chile implementou uma lei que estipula um alto imposto para bebidas com grande teor de açúcar, em adição a restrições no marketing e comercialização desses produtos, e adotou um modelo de rótulos de advertência.

Brasil
No fim de 2018, várias associações da indústria de bebidas assinaram um acordo com o Ministério da Saúde do Brasil para reduzir o teor de açúcar em seus produtos. O objetivo é reduzir o consumo de açúcar em 144 mil toneladas no Brasil até 2022.

Produtos de prateleira com frutas contém muito açúcar para serem saudáveis de verdade

Na América Latina, copos de frutas e outras opções de produtos de prateleira poderiam servir como uma alternativa mais permissiva do que as “junk foods”, mas eles já contam com seu próprio problema nutricional: a maioria contém muito açúcar adicionado.

Outras categorias nestes mercados, no entanto, começaram a abordar a redução do açúcar. No suco, por exemplo, as marcas estão trocando por sucos naturalmente doces e alternativas naturais para o açúcar, como a stevia. As marcas de frutas embaladas devem considerar tomar um percurso similar. Novas reformulações com reduções de açúcares adicionados em frutas embaladas farão com que estes produtos se destaquem como uma alternativa mais aceitável entre produtos que utilizam as sinalizações do tipo semáforo ou outros rótulos de advertência. Essa percepção positiva poderia impulsionar o consumo em uma região onde os consumidores preferem opções frescas.

A prioridade com a saúde cresce na América Latina

A COVID-19 está levando os consumidores ao redor do mundo a pensar melhor sobre sua saúde. De acordo com a Pesquisa Contínua COVID-19 da Mintel, mais de metade dos brasileiros dizem que comer saudável tornou-se uma prioridade mais elevada devido à covid-19, enquanto quase três quartos dos peruanos dizem consumir regularmente comidas que melhoram o sistema imunológico. Esta mudança de mentalidade representa uma oportunidade para que as marcas de frutas embaladas ajudem os consumidores da América Latina a aumentar o consumo de frutas para melhorar a saúde.

Apesar de frutas serem populares – quase três quartos dos brasileiros petiscam com frutas – o consumo na América Latina não atinge o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde. As frutas embaladas podem ajudar consumidores a entender os benefícios únicos à saúde presentes em diferentes variedades através da comunicação na embalagem, e marcas também podem criar “misturas antioxidantes” ou outras formulações que podem ajudar consumidores a garantir que eles estão colocando sua saúde em primeiro lugar sem sacrificar a praticidade.

A fruta embalada pode ser vista como uma alternativa conveniente e saudável

Enquanto a maioria dos consumidores da América Latina compram frutas frescas em mercados tradicionais, frutas embaladas tem um potencial desconhecido enquanto petiscos práticos e saudáveis ou sobremesas. Como a fruta é cortada previamente, ela pode ser consumida facilmente em dias corridos, tanto no trabalho quanto em casa. Além disso, estes produtos poderiam adicionar ingredientes com benefícios nutricionais, como sementes e outros ingredientes que as frutas frescas não fornecem.

As marcas de frutas embaladas também podem fazer mais para posicionar copos de frutas e outras opções de produtos de prateleira como um jeito fácil e conveniente de adquirir os benefícios de saúde que as frutas oferecem. Essa mensagem pode ser fortalecida através do uso de alternativas ao açúcar, como stevia, ou sucos naturalmente doces que podem transformar frutas embaladas em um “pacote completo” de saúde, praticidade e sabor.

O que pensamos

Novas regulamentações na América Latina estão dando atenção a produtos com açúcares adicionados. Frutas embaladas na América Latina irão enfrentar um crescente controle devido aos altos teores de açúcar e uso extenso de xaropes. Isso faz deste um momento crítico para que as marcas na região se reformulem e repensem sobre o conteúdo de açúcar em seus produtos.

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