As segunda e terceira maiores multinacionais do setor de café do mundo – Mondelez e D.E. Master Blenders 1753 – acabam de anunciar uma mega fusão que irá representar um desafio a Nestlé, líder da categoria. A nova empresa – a ser chamada de Jacobs Douwe Egberts – tem previsão de começar a operar em 2015 e vai gerar uma receita de US$ 7 bi.

Com esse acordo, a Mondelez será a “parceira júnior”, recebendo 49 % de participação no capital da empresa, em troca de US$ 5 bilhões em dinheiro. A D.E. Master Blenders foi comprada no ano passado pelo conglomerado alemão JAB (Joh. A Benckiser), no maior negócio que o setor cafeeiro global já tinha visto. O JAB é muito ambicioso, tendo recentemente também adquirido empresas de café dos EUA, como a Caribou e a Peet.

O quão preocupada deve estar a Nestlé? Não muito, considerando que ela é responsável por quase um quarto das vendas de café globais e que a nova empresa vai corresponder a apenas 11% do mercado. Mas a Nestlé vai provavelmente ver sua participação de mercado diminuir. Tanto a D.E. Master Blenders quanto a Mondelez têm perseguido agressivamente o mercado Nespresso de cápsulas de café, produzindo versões mais baratas com bastante sucesso.

Como as duas empresas se uniram, essa estratégia tende a se acelerar. A Jacobs Douwe Egberts terá maior economia de escala e poder de barganha, o que significa que ela poderá ser ainda mais agressiva em relação ao varejo. Atualmente, a Nestlé é extremamente dependente da marca de café em cápsulas Nespresso dentro de sua divisão de café. Aliás, a empresa já declarou publicamente que não vai voltar atrás em sua decisão de não vender Nespresso em supermercados, o que deixa o campo aberto para a Jacobs Douwe Egberts.

Há outras vantagens em relação a fusão, como uma simetria geográfica favorável. Por exemplo, a Mondelez dá a D.E. Master Blenders forte acesso aos dois principais mercados globais – Estados Unidos e China -, enquanto a D.E. Master Blenders complementa o negócio com a sua liderança no mercado brasileiro e a sua propriedade da Senseo – uma marca de café em cápsula muito popular na Europa.

O acordo também vai proteger a Jacobs Douwe Egberts da natureza do café como mercadoria de commodities. O preço do grão arábica recentemente subiu 80%, como resultado de uma má colheita no Brasil. No entanto, o preço da commodity pode subir ainda mais nos próximos anos, com condições adversas de crescimento potencialmente permitindo que a procura supere a oferta.

Isso significa que o poder de compra é agora um componente crucial na proteção das margens e para manter a competitividade em relação à concorrência. Espere mais grandes consolidações no mercado de café mundial nos próximos 12 meses.

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Jonny Forsyth é analista global da categoria de Bebidas, da Mintel. Antes de se tornar analista global, em 2012, Forsyth foi responsável por pesquisar e escrever os relatórios Mintel de bebidas do Reino Unido. Ele, constantemente, é entrevistado por veículos de comunicação internacionais para fornecer comentários e análises sobre o mercado de consumo e tendências no setor de bebidas. Siga Forsyth no Twitter: @Jonny_Mintel

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